Qual o peso da luz? Clarice Lispector, pouco antes de morrer presenteia seus leitores com seu último livro, "A hora da estrela", um título que engana aqueles que não conhecem a autora ou seus trabalhos anteriores. Macabéa é uma nordestina que após perder sua velha tia, viaja para o Rio de Janeiro e consegue um emprego como datilógrafa. Certo dia, caminhando na rua, ela conhece Olímpio e os dois passam a namorar, mas Olímpio termina com Macabéa para namorar a amiga dela, Glória. Macabéa então consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro luminoso, previsão que acaba se realizando de uma maneira um pouco diferente. Clarice tenta esconder-se no narrador da história, uma tentativa falha já que a cada linha o narrador era um pouco mais Clarice e é este narrador-Clarice que nos prende à história. Acompanhamos os devaneios do próprio narrador enquanto este pensa qual será a próxima ação do personagem. Macabéa é doída, se dói por dentro e quase não tem consciência da própria existência, achando que as coisas são assim porque são. Macabéa é um vazio que nos machuca, um grito no vácuo que nos ensurdece, um nada-tudo. A característica marcante do livro são os personagens e até mesmo o narrador, pois Clarice não se preocupa com ações ou características físicas e sim com o que eles realmente são, no seu íntimo, se preocupa com seus devaneios e mostra o lado mais pesado deles. Porque é isso que a Clarice é, pesada, tão pesada que não aguentava segurar tudo sozinha, dividindo a carga com os seus personagens, mas não adiantava, a cada página o desespero da autora ficava mais evidente. A linguagem do livro não é fácil, não que haja palavras complicadas mas a Clarice é mais pra dentro do que pra fora e para conseguir entender o livro, o leitor tem de acompanhá-la dessa forma. Apesar de pesado e desesperado, é Clarice, e de todos os seus livros, "A hora da estrela" é um dos poucos em que a Clarice desafia a realidade, sendo seus personagens pessoas quase que normais. Não é recomendado para todos mas a Clarice sempre mostra ao leitor o outro lado da moeda. Resenhado por: Millena Alves Paiva
1 comentários:
Qual o peso da luz?
Clarice Lispector, pouco antes de morrer presenteia seus leitores com seu último livro, "A hora da estrela", um título que engana aqueles que não conhecem a autora ou seus trabalhos anteriores.
Macabéa é uma nordestina que após perder sua velha tia, viaja para o Rio de Janeiro e consegue um emprego como datilógrafa. Certo dia, caminhando na rua, ela conhece Olímpio e os dois passam a namorar, mas Olímpio termina com Macabéa para namorar a amiga dela, Glória. Macabéa então consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro luminoso, previsão que acaba se realizando de uma maneira um pouco diferente.
Clarice tenta esconder-se no narrador da história, uma tentativa falha já que a cada linha o narrador era um pouco mais Clarice e é este narrador-Clarice que nos prende à história. Acompanhamos os devaneios do próprio narrador enquanto este pensa qual será a próxima ação do personagem.
Macabéa é doída, se dói por dentro e quase não tem consciência da própria existência, achando que as coisas são assim porque são. Macabéa é um vazio que nos machuca, um grito no vácuo que nos ensurdece, um nada-tudo.
A característica marcante do livro são os personagens e até mesmo o narrador, pois Clarice não se preocupa com ações ou características físicas e sim com o que eles realmente são, no seu íntimo, se preocupa com seus devaneios e mostra o lado mais pesado deles.
Porque é isso que a Clarice é, pesada, tão pesada que não aguentava segurar tudo sozinha, dividindo a carga com os seus personagens, mas não adiantava, a cada página o desespero da autora ficava mais evidente.
A linguagem do livro não é fácil, não que haja palavras complicadas mas a Clarice é mais pra dentro do que pra fora e para conseguir entender o livro, o leitor tem de acompanhá-la dessa forma.
Apesar de pesado e desesperado, é Clarice, e de todos os seus livros, "A hora da estrela" é um dos poucos em que a Clarice desafia a realidade, sendo seus personagens pessoas quase que normais. Não é recomendado para todos mas a Clarice sempre mostra ao leitor o outro lado da moeda.
Resenhado por: Millena Alves Paiva
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